Crítica – Premonição 6: Laços de Sangue
Mais de uma década após seu último capítulo, Premonição 6: Laços de Sangue marca o retorno de uma das franquias mais honestas do dito “terror moderno”. E quando digo “honesta”, é simplesmente porque Premonição nunca prometeu mais do que de fato entregou: mortes criativas, humor sombrio e uma fidelidade quase ritualística à sua própria fórmula. O sexto filme não tenta reinventar a roda – e, curiosamente, é exatamente isso que funciona.
Desta vez, a “premonição” que dá nome à franquia é vivida por Iris Campbell (Brec Bassinger), que escapou da morte décadas atrás e construiu uma família. A Morte, paciente mas sempre implacável, volta agora para corrigir o desvio no curso natural das coisas, colocando não apenas Iris, mas toda a sua linhagem, na mira fatal do destino. A partir daí, a trama retorna à dinâmica clássica: mortes em série seguindo uma ordem invisível, enquanto os personagens tentam, em vão, escapar do inevitável.
Laços de Sangue acerta ao reconhecer seus próprios limites. O filme sabe exatamente sua função, seu tamanho e, principalmente, para quem ele é feito. Não perde tempo com mitologias desnecessárias nem tenta dar uma profundidade elaborada a algo que nunca precisou disso para funcionar. É justamente essa autoconsciência que torna a produção valiosa.
O humor macabro, sempre presente na franquia, aqui ganha espaço de destaque. Não que o filme se transforme em uma comédia disfarçada, mas carrega uma certa leveza cínica, que encara a desgraça dos personagens tornando tudo quase mais digerível — e até mesmo divertido. O tipo de experiência que sabe rir de si mesma, o que ajuda o público a rir junto, até mesmo quando o sangue escorre pela tela grande.

As mortes, como esperado, são o verdadeiro espetáculo. Os diretores Zach Lipovsky e Adam B. Stein mostram criatividade e uma precisão quase cirúrgica em coreografar cada cena de fatalidade. O suspense que antecede cada evento é eficaz e, por vezes, mais angustiante que o desfecho em si. Há um certo tipo de jogo sádico com a expectativa do público, e o filme sabe explora isso como quase nenhum outro.
Um tropeço inevitável passo pelo uso excessivo de CGI. Em algumas sequências, os efeitos visuais chamam atenção pelo motivo errado, conferindo uma brusca artificialidade que destoa e tira o expectador da imersão. O curioso é que o mesmo filme consegue, em outras cenas, entregar mortes igualmente fantasiosas com efeitos mais contidos e muito mais eficazes.
Premonição 6: Laços de Sangue não reinventa, não surpreende com reviravoltas e muito menos se aprofunda em temas complexos. E, justamente por isso, cumpre sua missão com competência. É um retorno que entende o legado da franquia e o respeita sem pretensões. No fim, o longa entrega o que o público espera: mortes inventivas, tensão bem dosada e um humor cínico que torna tudo mais palatável. É um lembrete divertido — e sangrento — de que, às vezes, o arroz com feijão bem temperado ainda é o melhor prato.