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[CRÍTICA] ANIMAIS FANTÁSTICOS OS CRIMES DE GRINDELWALD – A PRIMEIRA GRANDE AMEAÇA AO MUNDO BRUXO (SEM SPOILERS)

Animais Fantásticos Os Crimes de Grindelwald veio com uma grande missão. Depois da volta cinematográfica do universo de Harry Potter, com Animais Fantásticos e Onde Habitam (2016), o filme seria responsável por dizer a que veio e qual caminho os longas restantes da franquia seguiriam.

Depois do primeiro Animais Fantásticos, que funcionou como uma introdução para nos apresentar os novos personagens e trazer de volta aquele friozinho na barriga que nós, fãs, sempre sentimos ao ver um longa do universo mágico nas grandes telas, Os Crimes de Grindelwald foi apenas um filme de transição, e ele não deveria ser só isso. Na verdade, o problema não é ele ser transitório, e no geral a história irá agradar aos fãs, mas ele é inchado. Há muita coisa acontecendo.

A primeira cena já é de tirar o fôlego, a fuga de Grindelwald, mesmo tendo aparecido várias vezes nos trailers, é repleta de ação e dá um bom tom inicial ao filme. Aliás, as cenas de ação são um ponto positivo no desenvolvimento da história. Repletas de magias e confrontos, elas conseguem nos passar a sensação que há, de fato, um perigo iminente no mundo bruxo. Outro destaque cinematográfico vai para o design da produção. Com animais fantásticos e figurinos muito bem feitos, o longa é lindo de se ver. Figurino, inclusive, que consegue passar de forma sutil a drástica mudança e conflitos de alguns personagens.

Personagens, o filme é repleto deles. Além dos que já fomos apresentados no primeiro Animais Fantásticos (Newt, Tina, Jacob, Queenie e Credence), conhecemos também Theseus Scamander (irmão de Newt), Leta Lestrange, Nagini e os clássicos Nicolau Flamel e Dumbledore também dão o ar da graça.

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Tina (Katherine Waterston) está muito mais segura de si nesse segundo longa. Mais madura, ela foca em cumprir sua missão, encontrar Credence. Por falar nele, o obscurus mais velho de que se tem notícia, ele busca descobrir de uma vez por todas quem é e de onde veio. A atuação de Ezra Miller é boa, assim como no primeiro filme da franquia, mas ele é prejudicado pelo pouco tempo de tela. A sensação é que o personagem poderia ter sido mais bem explorado, afinal ele é um dos mais importantes da trama. Falando em Credence não tem como não citar Nagini (Claudia Kim). A tão temida cobra de Voldemort, como sempre foi conhecida, é uma das grandes novidades desse filme. Para quem vai ao cinema esperando saber mais sobre a história da personagem, e porque ela é uma maledictus, sinto informar, Nagini está ali, e só. Ela não faz diferença nenhuma para a história e também não é explorada. Mas é legal, como fã, você saber que ela está ali. Resta saber se nos filmes que virão ela terá um papel importante. Minerva McGonagall é outro fan service do longa. Sem aparecer em nenhum trailer, ela surge como uma grata surpresa em algumas cenas, mas também só passa pelo longa, não acrescentando nada à história. Jacob (Dan Fogler) continua sendo um bom personagem, engraçado, porém já podemos sentir o peso de tudo que está acontecendo em seus ombros e isso o torna mais sério. Nada mais natural. Já Queenie (Alison Sudol) é de longe a personagem que mais mudou do primeiro filme para esse. De carismática e engraçada, ela passou a ser uma criança birrenta nessa segunda aventura. Grandes surpresas podem ser esperadas pelos fãs em relação a ela. Uma nova personagem que vem dando o que falar é Leta Lestrange (Zoë Kravitz), justamente por ser uma Lestrange todo mundo espera muito dela, os fãs também. A sensação que fica é que ela não corresponde às expectativas. A personagem é até explorada, contando com vários flashbacks que mostram sua história, mas, apesar da ideia ser boa, a execução não ficou lá essas coisas. Entretanto, isso não é culpa da personagem, pois em um longa com tanta coisa acontecendo é difícil mesmo você dar a devida atenção a todos os plots. Theseus Scamander (Callum Turner), noivo de Leta, é o irmão de Newt e um bom personagem. Está exatamente no lugar onde deveria ocupar na trama. Já Newt continua ótimo, parece que Eddie Redmayne nasceu para interpretar o magizoologista. Entretanto, não é a atuação de Redmayne que faz o personagem ficar um pouco perdido, mas sim o fato dele ser o protagonista de um filme que virou algo muito maior que ele. Nicolau Flamel (Brontis Jodorowsky) também tem pouca participação e, sinceramente, não corresponde a altura do que o personagem merecia.

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Mas, os destaques sem dúvida vão para Grindelwald e Dumbledore. O primeiro, que leva seu nome no título, é interpretado por Johnny Depp, em uma de suas melhores atuações nos últimos tempos. Não trazendo os trejeitos típicos a la Depp, Grindelwald nos mostra que deve ser temido, talvez mais até do que Voldemort. Enquanto o vilão de Harry Potter sujava suas mãos e matava sem hesitar, Grindelwald é totalmente o oposto. Sangue frio e calculista, ele manipula todos à sua volta para fazerem o que ele quer, e as pessoas nem se dão conta. Seu discurso é pesado, e preocupante, dando o tom de perigo real. Ele é maléfico, e se alguém tinha esperança de que restasse algo bom nele, justamente por sua história com Dumbledore, sinto dizer que não há nada além da sede de poder. Vejo facilmente ele se tornando o melhor vilão do universo de Harry Potter.

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Dumbledore (Jude Law) é um dos personagens mais esperado por todos. Tendo sido visto durante anos nos longas de Harry Potter, esse novo Dumbledore não era nada do que estávamos acostumados, e isso foi bom. Jude Law conseguiu interpretar um ótimo Dumbledore, melhor que o de Michael Gambon, e a razão é simples: Law conseguiu ser muito mais o Dumbledore dos livros do que Gambon jamais imaginou. Nos primeiros filmes de Harry Potter (A Pedra Filosofal e A Câmara Secreta) o personagem foi interpretado por Richard Harris, e aquele era o Dumbledore dos livros, foi isso que Law nos entregou.

A história de Animais Fantásticos Os Crimes de Grindelwald é um pouco confusa para os fãs, quem dirá para os leigos. O roteiro foi escrito pela própria J.K Rowling, e como roteirista ela é uma ótima escritora de livros. Se no primeiro longa Rowling acertou, agora ela fez uma história densa demais para o cinema. Repleta de personagens e plots twists a história surpreende, mas faz as 2 horas e 20 minutos de filme serem cansativas. Sem dúvida nenhuma a história é boa, e ela ficaria ótima em um livro, mas no cinema as coisas precisam ser resumidas e cortadas. Fica só o que é necessário para o desenvolvimento da trama, o resto fica por conta dos efeitos audiovisuais.

É aí que David Yates entra, o diretor de todos os Harry Potter‘s, a partir de Harry Potter e a Ordem da Fênix, foi e será o responsável por todos os Animais Fantásticos. Se Rowling não é uma roteirista muito experiente, cabe a Yates cortar o que for necessário para tornar o filme fluído. Não foi o que aconteceu. Como é muita história e muitos enredos diferentes, o filme perde o ritmo em alguns momentos. Em determinada hora o diretor começa a correr tanto que fica difícil entender o que está acontecendo, se alguns personagens se encontraram, ou não. As cenas ficam corridas e perdem o sentido, por vezes até os ângulos parecem estranhos. O tom do filme é dado pela direção, e Yates pecou ao não conseguir impor o ritmo que a história precisava ter.

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Animais Fantásticos Os Crimes de Grindelwald é um longa que agrada aos fãs. Com várias referências ao clássico universo de Harry Potter, o filme provoca as sensações que deveria em quem já acompanha e se interessa pela saga. Infelizmente, para olhos mais leigos, talvez ele não soe tão atrativo assim.

Mesmo com todos os problemas, é possível ter um vislumbre para onde a história vai se encaminhar agora. Aqueles que já leram sobre e sabem como termina a primeira grande guerra bruxa ficarão satisfeitos ao ver que alguns pontos são muito bem explicados, como, por exemplo, o fato de Dumbledore não poder lutar contra Grindelwald. Já outros vão deixar os fãs mais fiéis com a pulga atrás da orelha e se perguntando se tal coisa realmente é possível na trama.

O final fantástico, e inesperado, faz valer o ingresso. Prepare-se para o maior plot twist da história de Harry Potter.

Com todos os seus problemas e méritos, Animais Fantásticos Os Crimes de Grindelwald, consegue abrir caminho para os filmes seguintes. Espera-se que Rowling e Yates consigam dar o tom correto para os próximos longas, pois o caminho é promissor.

Animais Fantásticos Os Crimes de Grindelwald estreia nos cinemas de todo o país no dia 15 de novembro.

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