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Crítica – Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

Em algum lugar entre o êxtase de revisitar um universo tão apaixonante, e a apatia de uma nova geração extremamente desinteressante, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo conquista muito mais pelo subtexto do que pela história contada.

Na trama, certo tempo após os eventos do filme anterior, a família Spengler assume de fato a função de Caça-Fantasmas. De volta a Nova York, entre a disfuncionalidade familiar e todos os elementos sobrenaturais herdados, nova e a velha equipe precisam se unir mais uma vez para impedir que uma antiga entidade escravize espíritos para iniciar uma nova e fantasmagórica era do gelo.  

Se no longa anterior, Jason Reitman, filho do lendário Ivan Reitman, diretor dos filmes originais, alcançou uma excepcionalidade entregando uma aventura apaixonante e extremamente emocional, em Apocalipse de Gelo nada parece se encaixar tão bem. Ainda que a trama seja extremamente simples, seu ritmo é constantemente alterado pelo excesso de personagens e sub plots desenvolvidos.

Com a exceção da sempre fascinante Phoebe Spengler, interpretada por Mckenna Grace, majoritariamente todo o resto é praticamente descartável. Paul Rudd, que constantemente entrega divertidas atuações, aqui parece um tanto engessado pelo papel de padrasto em busca de uma conexão com as crianças. Já Finn Wolfhard, segue como um desperdício completo, em uma atuação mediana de um adolescente meio lerdo e desinteressado.

Se por um lado a nova geração não desperta nada na audiência, a velha guarda esbanja charme em atuações pontuais competentes que, por muitas vezes, salvam a produção. Nesse ponto o destaque fica por conta de Ernie Hudson (Winston Zeddemore), que enfim encontra a redenção de seu personagem que finalmente recebe o destaque que sempre mereceu. Inclusive assumindo a parte financeira e movendo os Caça-Fantasmas no campo cientifico e tecnológico para o futuro. Dan Aykroyd (Ray Stantz), que também assina o roteiro, é outro a ter um papel fundamental na trama. Mas nesse caso, talvez, seu personagem ganhe muito mais camadas quando entendemos o subtexto.

Nunca foi segredo para ninguém que Os Caça-Fantasmas nunca ganhou uma nova sequência direta por vários problemas nos bastidores da segunda produção. Dito isso, é lógico imaginar que muitos atores, como o próprio Dan Aykroyd, não receberam o mesmo desataque de Bill Murray. E é exatamente aqui que o longa se mostra muito mais pessoal para os envolvidos. O personagem Ray chega a verbalizar que não pretende largar os dias de glórias. Some isso ao fato de Jason Reitman assumir a franquia após a morte de seu pai, e temos aqui um belo exercício de desapego emocional, que fatalmente dificulta a ideia de passagem de bastão para uma nova geração. Afinal, para que uma nova equipe apareça, a velha precisa se retirar.

E é exatamente aqui que Ghostbusters: Apocalipse de Gelo falha enquanto filme. Todo o roteiro, e um possível aprofundamento eficiente em uma nova equipe, é deixado de lado para manter a chama da nostalgia acesa por mais alguns minutos. Mas apenas isso já não sustenta o filme. É preciso mais, se faz necessário encontrar um lugar para cada personagem da equipe original, alça-los ao patamar de mentores. Mas principalmente é preciso se aprofundar nos novos personagens. A dinâmica familiar é boa, mas nem de longe trouxe o carisma necessário.

Por fim, Apocalipse de Gelo vai arrancar algumas risadas e alguns sorrisos sinceros e nostálgicos. Mas ainda passa longe do potencial que a marca Ghostbusters pode alcançar.    

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